Mudanças na geopolítica mundial favorecem o agronegócio brasileiro


As recentes alterações geopolíticas que ocorreram no mundo, cujo exemplo mais expressivo foi o rompimento do Acordo Transpacífico pelo governo dos Estados Unidos, devem gerar grandes oportunidades de negócios para o agronegócio brasileiro. A constatação foi feita pela vice-presidente global de Assuntos Corporativos da Cargill, Devry Boughner Vorwerk, durante debate no painel Nova Geopolítica do 16º Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido pela ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio, nesta segunda-feira (07/08), em São Paulo. O painel foi organizado na forma semelhante ao programa Roda Viva, da TV Cultura, e foi moderado pelo jornalista Augusto Nunes, apresentador do programa da Cultura.

Outro participante do painel, o sócio da McKinsey Consultoria, Nelson Ferreira, também concorda com a análise de Devry. “As mudanças nos acordos dos Estados Unidos com o México e o Canadá também abrem boas oportunidades para os exportadores brasileiros”, comentou. “Vejo grande resiliência e acredito na contínua capacidade de o agronegócio brasileiro seguir sendo o principal motor da economia brasileira”, completou Devry.

Além dos Estados Unidos, Ferreira avaliou que o Brasil poderia realizar acordos bilaterais com outras nações, como os países da África, do Sudeste Asiático, China e Índia. “Tanto no setor privado como o setor público não pode ter uma agenda isolada, precisa-se buscar uma diversificação, uma melhor amplitude de acordos porque estaremos mais protegidos quanto às oscilações do mercado”, disse. Nos últimos anos, o país, segundo Ferreira, foi um jogador muito passivo nas tratativas dessas negociações. “Com isso, o agronegócio cresceu muito, mas em diversas situações à margem de um acordo bilateral. E isso precisa mudar”, acrescentou.

Rubens Almeida, ex-embaixador e presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), concordou com a opinião de Ferreira e analisou que a política externa comercial inadequada adotada nesses anos fez com que o país não participasse dos acordos e mega-acordos comerciais. “Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), foram mais de 400 acordos comerciais, mas o Brasil participou apenas de acordos com Israel, Egito e o Estado Palestino”.

Outro assunto debatido no Roda Viva foi a questão das dificuldades do agronegócio em termos de tributos e logística. Devry Boughner Vorwerk, da Cargill, ressaltou que esses debates também ocorrem nos Estados Unidos. “Hoje estamos discutindo a possiblidade de ter uma hidrovia no Rio Mississipi”, disse. “Mas, vejo o agronegócio como um motor no Brasil. O país tem a capacidade de produzir alimentos e manter a sustentabilidade do meio ambiente”, acrescentou.

O embaixador Roberto Jaguaribe, presidente da Apex-Brasil, ressalta que o agronegócio é, realmente, um símbolo do Brasil, com muita evolução tecnológica, produtividade e competividade, mas que o setor precisa comunicar essa representatividade de maneira mais eficiente. “Não geramos uma narrativa eficiente desse desenvolvimento e dessa sinergia com a sustentabilidade ambiental”, ponderou.

Também participaram do Roda Vida que encerrou o Congresso da ABAG o embaixador Rubens Ricupero, diretor da Faculdade de Economia da FAAP e do vice-presidente global de Negócios da DuPont Pioneer, Alejandro Muñoz.

Desafios e oportunidades de uma reforma tributária 

Apesar das dificuldades que o tema impõe e do longo tempo em que está em discussão nas várias esferas governamentais, a reforma tributária deverá ter, em 2018, a melhor oportunidade de ser concretizada. A avaliação foi feita por debatedores que participaram do painel Reforma Tributária, do 16º Congresso Brasileiro do Agronegócio. “Temos de aproveitar o momento atual, marcado por grande movimentação política, para colocar em andamento uma reformulação geral no complexo sistema tributário do país”, afirmou um dos debatedores do encontro, o economista Paulo Rabello de Castro, presidente do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

Menos otimista em relação a possibilidade de a reformar ser iniciada, o advogado Luiz Gustavo Bicharam da Bichara Advogados, considera “utópica” a proposta que está em análise no Legislativo. “O que temos é uma colcha de retalho e nenhum indicativo sobre como será feita a reforma”, afirmou. Para Bichara, além da falta de uma minuta que pudesse ser debatida e analisada, um dos pontos obscuro da proposta é não prever uma regra de transição entre o modelo atual e o que entrará em vigor. “Sou pessimista, pois estamos na estaca zero”, completou o advogado.

Outro participante do painel, o advogado Paulo Ayres Barreto, sócio da Aires Barreto Advogados ponderou que falta informação para um debate mais transparente da proposta de reforma tributária. “Entendo que a principal dificuldade atualmente para a concretização da reforma tributária é que cada segmento da sociedade quer fazer a sua reforma. Todos querem pagar menos impostos”, comentou Ayres Barreto.

Fonte:  https://www.aviculturaindustrial.com.br

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