O que esperar para o mercado internacional de frango na próxima década?


Até 2022, o consumo mundial de carne (bovina, suína e de aves) deve ter um incremento de 59,9 milhões de toneladas. Neste cenário, é inevitável o questionamento sobre “o que esperar do mercado internacional do frango na próxima década?”, tendo como premissa o posicionamento do Brasil, consolidado segundo maior produtor de carne de frango do mundo, num mercado tendencialmente protecionista. Sobre o assunto, o consultor Osler Desouzart, que soma importante participação na construção e desenvolvimento das exportações brasileiras de carne, afirma que daqui a dez anos, venceremos a batalha entre as grandes potências. Acompanhe a entrevista:

AI: Quais serão os maiores desafios do comércio internacional?

Osler: O protecionismo não cederá espaço e seguirá em vigor a triste máxima do “quem pode mais chora menos”. As potências seguirão minimizando seus episódios sanitários e agravando os dos países menos potentes. Há inúmeros exemplos: quantos países desenvolvidos registraram episódios de HPAI, PIRS, PED, FMD, etc e não viram suas exportações interrompidas, enquanto países em desenvolvimento, entre os quais o Brasil, sofrem com restrições pseudo-sanitárias.

O Brasil é uma potência do agronegócio, mas não o é politicamente. Atente a essa situação o fato de que os governos dos últimos 15 anos não deram valor ao agronegócio e conduziram uma política externa com severo viés ideológico. Tal nos afastou de países fortes com os quais comungamos em fortaleza do agronegócio e com os quais poderíamos construir  agenda comum em inúmeras batalhas protecionistas.

Com tristeza registramos que a coleção de escândalos de corrupção deixam para trás a visão de um Brasil como potência emergente e alimenta o estereótipo entre os estrangeiros que o Hemisfério Sul é integrado por “Repúblicas Banana”, onde todos roubam, onde grassa a impunidade, onde o respeito à lei é seletivo e onde a marca maior não é a seriedade. Isso nos enfraquece e enche os protecionistas de plantão de argumentos.

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AI: Qual será o papel do Brasil nesse cenário? O país conseguirá manter a liderança no setor?

Em artigo relativamente recente finalizei dizendo que “apesar deles” nós prevaleceríamos. O agronegócio brasileiro é de competência e persistência notórias e reconhecido internacionalmente. Seguiremos nas próximas décadas dividindo com os Estados Unidos a primazia de gerar excedentes exportáveis necessários ao abastecimento mundial de uma população que cresce e que muda sua alimentação para uma maior ingesta de produtos de origem animal, produtos esses que exigem quatro vezes mais recursos naturais – terras aráveis e água – que os produtos de origem vegetal.

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4. É esperado que o número das exportações de milho e soja aumentem. Como o senhor avalia que estará o cenário brasileiro em termos de produção de insumos? O país vai dar conta de produzir para demanda interna e ainda continuar com bons números em exportação?

Costumo dizer que a história não anda para trás. Há uma voracidade por grãos forrageiros em várias partes do mundo, liderados pela demanda asiática. Isso representa a permanência pela demanda de soja e o aumento pela demanda de milho. Essa é uma nova realidade com a qual o setor proteico-animal brasileiro tem que se ajustar e a qual se ajustará. Se conseguimos sobreviver a Brasília, somos capazes de sobreviver a qualquer coisa. A solução não reside em restringir exportações de grãos numa política míope de curto prazo, como seguramente algum dos nababos que sustentamos com nossos impostos pode pensar.

A solução reside em deixar que uma demanda interna e externa elevadas estimulem o produtor a plantar mais, usar melhores insumos, aportar mais tecnologia, etc, e assim produzir mais, restituindo a médio prazo o equilíbrio. A curto prazo sofrerá a competitividade do produtor-exportador de proteína animal, mas a pressão dos custos fará com que este lute por preços adequados e sobreviva. Verifiquem que mesmo com preços elevando os dos insumos nossa produção e exportação de proteínas animais não tem diminuído. O progresso não se faz com políticas restritivas a um ou outro segmento de mercado, mas sim com somatório das demandas. O futuro não se constrói com o sinal de menos (-), mas com o sinal de mais (+).

VIII Encontro Técnico Unifrango

Com o objetivo de discutir o cenário e o futuro da avicultura, o consultor Osler Desouzart é um dos convidados do VIII Encontro Técnico Unifrango, que acontece nos dias 18, 19 e 20 de outubro, em Maringá (PR). O evento reunirá grandes nomes da avicultura brasileira e do exterior em 13 palestras para o debate sobre a evolução da avicultura.

Criado em 2001 pelo Comitê Técnico – formado por profissionais das empresas avícolas associadas – o evento tem como objetivo capacitar e fortalecer a avicultura. O encontro é voltado para técnicos, veterinários, agrônomos, zootecnistas, profissionais liberais, diretores, gerentes, fornecedores e demais envolvidos na cadeia produtiva de frango.

Os interessados já podem se inscrever no site oficial do evento www.unifrango.com/encontrotecnico . As vagas são limitadas. O valor da inscrição é de R$ 100,00 até o dia 30 de setembro e R$ 150,00 até 11 de outubro, para associados da Integra e acadêmicos. Já para profissionais do setor o valor é de R$ 150,00 até o dia 30 de setembro, e após esse período R$ 200,00.

Fonte: Redação Avicultura Industrial/Fernanda Oliva

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